Maria, a mãe de Jesus, é considerada pela igreja cristã como uma mulher de fé e a mais bem-aventurada de todas, por ter sido escolhida como um vaso, para trazer a este planeta caído o Salvador do mundo. Maria teve uma visão e creu na Palavra do mensageiro celestial, entregando-se ao cumprimento de uma profecia que apontava para a semente da mulher, Aquele que viria esmagar a cabeça da serpente, ainda que ferido no calcanhar.
Maria é cantada e decantada. Dela se fala, em prosa e verso, até mesmo que é a mãe de Deus, coisa que nunca foi, já que Deus não tem mãe. Ela é mãe de Jesus, o Filho do Homem, a plena encarnação divina, mas é uma mera criatura e jamais foi mãe do Criador.
O que me chama a atenção, nesta ênfase toda, é que pouco se ouve falar da fé de José, seu marido. Ele fica meio escondido atrás dela e quase passa despercebido. Porém, vejo neste homem uma fé tão significativa, que ouso dizer que ela não teve fé mais robusta.
Maria creu no anjo quando lhe disse: – você ficará grávida do Espírito Santo. E, quando ficou, não foi tão difícil saber, pois ela tinha certeza de que nunca tivera relação sexual com nenhum homem. Ela era virgem e jamais copulara, nem fizera qualquer tipo de inseminação artificial assistida, pois na época não havia essa possibilidade.
Agora, o caso de José foi diferente. O mensageiro celestial que falou com ele, fala em sonho, sem qualquer profecia a seu respeito e sem a possibilidade dele constatar o fato, por isso, a questão aqui é bem mais complicada. Nem todo sonho é revelação divina e não havia um meio pelo qual ele pudesse confirmar a veracidade destas informações.
Quando José viu o sinal de que Maria era gestante, sendo homem justo, resolve romper a união em segredo, pois não queria envergonhá-la com uma separação pública. Foi aí que teve este sonho que mudou sua decisão. José creu piamente naquele sonho.
A evidência da fé é ver quem fala. Aqui deduzimos que José era alguém que tinha uma intimidade real com Deus. Por esta narrativa, podemos perceber que ele já estava bem familiarizado com a linguagem do trono, porque não teve a menor dúvida em seu coração.
O anjo do senho diz que Maria, sua noiva, estava esperando um filho do Espírito Santo e que ele teria a missão de dar o nome de Jesus a esta criança, que seria seu filho. Só quem tem convicção da verdade ou quem é tonto de verdade pode crer numa coisa desta. José creu e nunca foi tonto, porque fé é isto mesmo, é crer em Deus, apesar das evidências.
Tiro aqui o chapéu pro José. “A fé que não vai mais longe do que a cabeça nunca pode trazer paz ao coração.” Maria crendo pôde constatar que sua gravidez foi um milagre; enquanto José constatou o milagre da sua fé, na gravidez de sua mulher. Maria creu, mas viu na experiência a realidade da sua crença, todavia, José nunca pode atestar o que creu. Mendigos, creiam como José, com fé simples no Deus que gera fé.
Do velho mendigo, GP.